Hoje, 24 de maio, é celebrado o Dia Nacional do Café e do Cafeicultor. E de acordo com o presidente da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), Luiz Carlos Bastianello, apesar da evolução e das conquistas ao longo dos anos, os produtores capixabas ainda enfrentam muitos desafios. E um dos principais está relacionado ao clima.
“Tivemos evolução em produtividade, em qualidade e remuneração. Tem alguns pontos que a gente precisa valorizar que são conquistas que temos adquirido ao longo do tempo. Mas tem algumas coisas que a gente vem sofrendo, que são grandes desafios, e que precisamos passar por eles. Sabemos que uma delas é a questão climática que precisamos de sabedoria para entender como atravessar isso da melhor forma” – sustenta.
Outra dificuldade apresentada por Luiz Carlos Bastianello é de encontrar mão de obra. Ele afirma que a relação entre a colheita manual e mecanizada ainda está aquém do necessário. No entanto, adianta que houve uma evolução muito grande com o incremento de máquinas modernas e formas diferentes de manejo, como a colheita em lona, chamada de semimecanizada.
Ele reforça que, atualmente, com a mecanização das lavouras, foi possível reduzir em dois terços a colheita manual, ou seja, mais da metade do processo. E para evoluir mais, ele orienta que o produtor precisa adaptar as lavouras, principalmente em terrenos mais acidentados, para poder incrementar ainda mais a mecanização.
Estimativa de safra
Segundo Luiz Carlos, os produtores da região já colheram em torno de 20% da safra deste ano. A previsão é que a colheita deve seguir até julho e final de agosto, para as lavouras tardias. Segundo o presidente, a expectativa é que este ano a safra seja muito boa.
“Estimativa de safra é um negócio delicado. Se eu disser com base na divulgação da Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] é uma situação. Com base na divulgação da USDA [Departamento de Agricultura dos Estados Unidos] é outra situação. Então a gente faz uma estimativa aproximada, mas é muito subjetivo”.
Ainda assim, Bastianello espera que a safra deste ano seja melhor ou igual a de 2021/2022. “Foi divulgado em torno de 16 milhões a 17 milhões de sacas [incluindo conilon e arábica] pela USDA e 12 milhões pela Conab. Este ano, parece que foi feita uma revisão um pouquinho para cima [para 13,9 milhões] e a gente está nessa expectativa. Vamos aguardar para entender melhor”.
Mercado interno x exportação
Com a valorização da saca de café, Luiz Carlos Bastianello afirma que um desafio que está posto à mesa é a abertura de novos mercados para exportação. No entanto, diz que o momento é do mercado interno, já que a saca do conilon, que tem produção concentrada no Norte do Estado, está sendo comercializada em torno de R$ 1.560.
Porém, ele explica que o melhor preço depende muito das oscilações do mercado e o produtor deve estar atento para entender quando é melhor vender para o mercado interno e quando é mais vantajoso comercializar pelas bolsas de valores para o mercado externo.
Estado é potência na produção do conilon
O Espírito Santo tem destaque nacional e internacional na produção de café conilon. Luiz Carlos Bastianello explica que o Estado é o segundo maior produtor do grão no Brasil. “E se fosse um país, seria o segundo maior produtor do mundo”, destaca. Para o presidente da Cooabriel, os holofotes estão voltados para o Estado, entendendo que o café conilon ganha cada vez mais espaço no mercado.
“O Espírito Santo vem tendo um destaque nacional e internacional porque o conilon é uma promessa para suprir as demandas de mercado dos cafés. A gente tem tido crise, principalmente de queda na produção do arábica por questões climáticas. Então, o conilon acaba sendo, na verdade, a oportunidade que o mercado tem de adquirir um café que o atenda e que tem sido muito bem aceito pelo consumidor”.
Desta forma, ele reforça que o Espírito Santo vem ganhando notoriedade na produção de conilon e que a tendência é o Estado ter uma produção mais evoluída a cada ano, muito em função das pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), órgão vinculado à Secretaria Estadual da Agricultura.
Cooabriel
Luiz Carlos complementa afirmando que a Cooabriel é referência em café conilon no Brasil. “A gente tem 60 anos de mercado, de atividade, sempre evoluindo, buscando o melhor. Pode ser que, talvez, a gente não comercialize a quantidade de café que outros mercados, mas temos buscado evoluir junto com o nosso cooperado” – finaliza.