A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher fez, no ano passado, um extenso trabalho de pesquisa dos veículos de comunicação do País, com o objetivo de apurar os casos de violência contra mulheres que viraram notícia.
Ao todo, foram analisadas 140.191 notícias veiculadas pela imprensa brasileira entre janeiro e novembro de 2018. E encontrados 68.811 casos de violência contra a mulher, divididos em cinco principais categorias: importunação sexual, violência online, estupro, feminicídio e violência doméstica.
O levantamento da comissão registrou também 14.796 casos de violência doméstica, cometida em 58% das vezes por namorados e maridos, atuais ou ex. Já para o feminicídio, ou seja, o assassinato de mulheres motivado por discriminação pela condição de mulher, foram encontradas 15.925 notícias. 95% dos assassinos eram maridos, namorados ou ex-companheiros.
São, ainda, 2.788 casos de crimes contra a honra de mulheres em ambiente online. Já para a importunação sexual, prática que virou crime recentemente, foram encontradas 72 notícias. Em 97% dos casos, os agressores eram desconhecidos.
Denúncias
A deputada Luizianne Lins (PT-CE) foi uma das vice-presidentes da comissão da Mulher na legislatura passada. Para ela, um dos grandes desafios é garantir que as vítimas de violência denunciem os crimes. “O fato de as mulheres estarem se conscientizando de que é crime tem ajudado muito para que isso vá para esfera pública.”
O levantamento da comissão da Mulher não teve um recorte racial, mas a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) ressalta que o combate à violência de gênero passa pelo debate racial. “Elas vão sofrer por serem mulheres e também por serem negras. E isso é muito sério. Nós temos que combater o racismo, a exclusão e a invisibilidade da população feminina negra”, afirmou.
A deputada estreante Joenia Wapichana (Rede-RR) é a primeira mulher indígena a ser eleita deputada. Ela pretende participar da comissão da Mulher e quer colaborar com estudos ainda mais aprofundados. “Talvez, agora, abordar outras questões, por exemplo, as questões raciais e à questão sócio-econômica”, sugeriu.