A eliminação custou a desmoralização dos métodos de Fernando Lázaro.
Na disputa de seu primeiro campeonato como técnico, logo na primeira partida eliminatória, sentiu a pressão.
E não soube fazer com que seu time, muito mais técnico, talentoso, parasse em previsível esquema 4-5-1, montado por Gilmar dal Pozzo.
Aos jogadores corintianos não faltou vontade, como leigos afirmavam, desprezando todo o trabalho tático de mais de cem anos no futebol, mas sim estratégia ao grande favorito.
Diante de linhas tão definidas, preenchendo o espaço de 52,5 metros por 34 metros, a metade da medida oficial do gramado de Itaquera, o Corinthians deveria usar as triangulações pelos lados do campo, troca de bola rápida ou, ainda, investir em dribles. Assumir com atitude o controle do jogo. Ainda mais que não contava com o talento de Renato Augusto, seu único jogador diferenciado, contundido.
O Corinthians foi de uma pobreza tática lastimável, que parou no sistema de marcação interiorana. Sem outro recurso, passou a levantar bolas na área de qualquer maneira e não conseguiu escapar do 1 a 1. E, nos pênaltis, os veteranos falharam. Fábio Santos, Fágner e Gil.
Fernando Lázaro não cobiçou o cargo de técnico do Corinthians. Foi uma aposta sugerida pelo treinador dos sonhos de Duilio e, principalmente, do diretor de futebol e ex-presidente, Roberto de Andrade: Tite. Ambos tentaram amarrar o técnico da seleção brasileira, para que depois da Copa do Catar assumisse o clube do Parque São Jorge. Ele não quis. E indicou o analista de desempenho, Fernando Lázaro.
Tite disse que via muito potencial no funcionário do clube e filho do ex-lateral Zé Maria. Os dirigentes acreditaram e ficou subentendido que haveria a chance, no futuro, de Tite assumir o cargo. Com Lázaro voltando a ser auxiliar.
Os jogadores e a direção do clube gostam da maneira democrática com que Lázaro trabalha, aceitando trocar ideias com os atletas, principalmente os mais vividos, como Fábio Santos, Renato Augusto, Fagner, Paulinho, Giuliano.
Mas ele é muito inexperiente. Com as partidas como interino e as 13 disputadas no Paulista, Lázaro chegou apenas a 20 jogos no Corinthians, na carreira.
Sem nenhuma passagem anterior, o treinador é absolutamente imaturo. E o resultado veio à tona ontem.
Duilio é apenas o representante de uma ala política que domina o Corinthians desde 2007, quando o falecido presidente Alberto Dualib teve de pedir sua renúncia. São 16 anos de poder dessa ala comandada por Andrés Sanchez.
O Corinthians projeta para 2023 um ano lucrativo. Pelo planejamento, o clube deveria, ao menos, disputar o título paulista. Há ainda a Copa do Brasil, a Libertadores e o Brasileiro. Competições em que o clube aspira chegar pelo menos à semifinal e estar entre os quatro melhores do nacional. No mínimo.
O Corinthians atingiu R$ 150 milhões só de patrocínio na camisa. Quanto mais perto dos títulos, maior a premiação do clube. Há muito dinheiro envolvido em 2023. O sonho é arrecadar mais de R$ 1 bilhão, daí a necessidade de ótimas campanhas.
Lázaro, apesar do apoio de Duilio, já tinha a sombra de Tite. Se o treinador decidir voltar a trabalhar amanhã, o Corinthians o deseja. Aliás, os dirigentes conseguiram dele a prioridade “não oficial”, se decidir treinar um clube brasileiro. Ele sonha com uma grande equipe europeia, situação que está longe de acontecer, pela péssima campanha na Rússia e no Catar.
Se o milionário Tite decidir mesmo cumprir a promessa de tirar um ano sabático, para que a pressão dos fracassos nas duas Copas seja amenizada, outro treinador passa a ser visto com bons olhos no Parque São Jorge.