Se o cenário de quedas em torno do dólar continuar no mesmo ritmo, a moeda norte-americana pode fechar o dia abaixo dos R$ 5 já nesta quarta-feira (23). As negociações do dia abriram em recuo, com o mercado doméstico se mostrando bastante atrativo para os investidores de olho em juros mais altos e no aumento do preço das commodities – às 11h a cotação do papel chegou a R$ 4,99.
Desde a virada do ano, a taxa de câmbio já caiu 9,36% em relação ao real, saindo de R$ 5,66 para R$ 5,01 nesta terça-feira (22). O valor é o menor desde 30 de junho, quando fechou o dia valendo R$ 4,97.
As commodities, responsáveis pela expansão da economia brasileira durante boa parte dos governos Lula e Dilma, voltam a figurar como as responsáveis pelo arrefecimento da moeda norte-americana. Do início de janeiro até aqui, as matérias-primas já subiram 13,5%, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A explicação para isso é simples: se as commodities ficam mais caras em dólar, mais forte fica o Real, uma vez que os países exportadores recebem mais divisas por essas vendas. Para Rodrigo Lima, analista de investimentos e editor de conteúdo da Stake, a inflação norte-americana, que fechou 2021 em alta de 7%, ajuda a pressionar o preço das commodities.
“Tradicionalmente, as commodities são um hedge [proteção] para a inflação e elas tendem a performar melhor nesses momentos”, apontou.
Vale lembrar que o retorno da taxa básica de juros, a Selic, para o patamar dos dois dígitos (atualmente em 10,75%) torna os investimentos no Brasil mais atrativos, isso sem contar que, olhando para os mercados emergentes, o mercado nacional passa por um momento de certa estabilidade. O analista da Stake lembra que a Rússia enfrenta uma situação complicada – na disputa por poder contra Estados Unidos e Otan na crise da Ucrânia – e a China passa por problemas regulatórios.
“O Brasil parece estar na fase final do seu aumento de juros, com a Selic a mais de 10%. Se Estados Unidos e outras economias vão começar a aumentar juros, a gente já parece que está chegando ao final do ciclo. Uma vez que você já chegou ao final do ciclo, o mercado já descontou o suficiente essa subida de juros nos preços dos ativos e o pessoal acaba investindo mais no Brasil por conta disso”, avalia Lima.
Fonte : ISTOÉ