Alunos do ensino infantil das redes municipais terão mudanças no formato de ensino com o início do segundo semestre letivo.
Volta às aulas no ensino infantil municipal das capitais
Esquema | Número de capitais |
2º semestre híbrido após 1º semestre remoto | 16 |
2º semestre híbrido, como no 1º semestre | 6 |
100% remoto | 1 |
100% presencial | 1 |
Sem definição | 1 |
Em 16 das 27 capitais brasileiras, os alunos poderão voltar às aulas presenciais pela primeira vez.
Em Porto Alegre, as aulas serão totalmente presenciais, com ida obrigatória à escola. No primeiro semestre, as escolas municipais adotaram o modelo híbrido. Além de Porto Alegre, outras duas capitais terão o retorno às aulas majoritariamente presencial na rede municipal: Belo Horizonte e Rio de Janeiro. As crianças poderão ficar em casa e ter aulas remotas. As duas já adotavam o modelo híbrido no 1º semestre.
Outras 4 que já adotavam o formato híbrido no primeiro semestre e vão mantê-lo no segundo: Florianópolis, Manaus, Rio Branco e São Paulo.
Apenas uma capital vai manter o ensino 100% remoto na rede municipal, adotado também no primeiro semestre: Boa Vista.
Três capitais ainda estavam em discussão sobre a data de retomada ou não tinham modelo de ensino determinado até a sexta-feira (30) : João Pessoa, Porto Velho e Teresina.
O pediatra Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), lembra que muitas crianças não têm acesso à internet – e, quando têm, é só pelo celular.
“Já são situações que limitam muito essa possibilidade [de aula à distância]. As crianças precisam estar num ambiente propício para ter um ensino à distância adequado. Dar uma aula à distância não é a mesma coisa que aula presencial. Tem que ter capacitação dos professores para conseguir isso. É possível captar a atenção [das crianças] através dessas aulas? Sim, é possível, mas requer uma técnica muito mais apurada. Não é tão simples assim. Além de todos esses fatores, tem a questão do tempo de tela. Isso também é um problema, a gente sabe”, pontua.
Pública x privada
A diferença nos modelos de ensino também muda se a escola for pública ou privada: nenhuma rede particular, até agora, anunciou um modelo 100% remoto para o segundo semestre – mas algumas ainda não comunicaram decisões. A maioria terá aulas híbridas; mesmo as escolas que decidiram pelo formato presencial terão que oferecer o ensino remoto.
Olavo Nogueira Filho, do Todos pela Educação, explica que os impactos da pandemia no ensino só serão conhecidos quando as crianças voltarem às salas de aula – mas que eles serão sentidos com maior intensidade pelas crianças pobres – que, no Brasil, são em sua maioria também pretas e pardas.
“Os impactos são muito heterogêneos – tem o acesso [à internet no ensino remoto], o quanto os pais conseguem apoiar – mesmo dentro de uma mesma região, mesma escola”, explica.
“O que a gente consegue mais ou menos saber das pesquisas que estão saindo, e olhando para pesquisas de outros cenários de fechamentos prolongados de escolas em função de outros contextos, como pandemias localizadas, desastres naturais e pós-guerra, é que os efeitos são de múltiplas naturezas. Não estamos falando apenas de impactos educacionais– mas de efeitos emocionais, sociais, e em alguns casos de ordem física“, afirma Nogueira Filho.
“A gente também já sabe que os efeitos são de repercussão duradoura. O melhor exemplo para materializar isso é a experiência de New Orleans, que em 2005 teve o furacão [Katrina]. Lá as escolas ficaram fechadas por 4 meses. O que aconteceu em termos de impacto? Os patamares de aprendizagem só foram recuperados depois de 2 anos. Isso mostra o tamanho do que a gente deve ter em termos de impacto”, avalia.