Enquanto boa parte do país vibrava com os jogos da Copa do Mundo em junho de 2018, na tarde do dia 16 daquele mês, Araçariguama, no interior de São Paulo, entrava em luto pelo assassinato de Vitória Gabrielly. Três anos depois, a família ainda busca por justiça e tenta manter a memória da adolescente viva em ações sociais voltadas para crianças no município.
A menina saiu de casa para patinar no dia 6 de junho, quando foi pega por engano e morta por conta de uma dívida de drogas, segundo a investigação da Polícia Civil. O servente de pedreiro Júlio César Ergesse e o casal Bruno Oliveira e Mayara Abrantes foram presos pelo crime.
O casal ainda não teve a data do julgamento definida, pois a defesa entrou com recurso na Justiça para tentar impedir a decisão de júri popular. Com isso, o processo foi desmembrado.
Já Júlio foi condenado a 34 anos de prisão em 21 de outubro de 2019, mas os advogados entraram com recurso e conseguiram diminuir para 23 anos e 4 meses de prisão. (veja mais detalhes abaixo sobre o júri).
A decisão, segundo o pai de Vitória, Beto Vaz, pegou a família de surpresa e desabafou: “A verdadeira prisão está para quem fica, para quem tem que conviver com o inferno que é aceitar que decidam por você quanto vale aquela vida tirada de você.”
Em nota, os advogados de defesa, Marcelo Ergesse e Glauber Bez, falaram sobre a decisão, que foi publicada em 20 de maio.
“Vamos ingressar com recurso perante as cortes superiores. O foco principal era anular o júri para que nosso cliente fosse julgado novamente por seus pares. Infelizmente, o pedido alternativo foi acolhido com a redução, mas estamos confiantes e não vamos parar por aqui.”
‘A dor transformada em amor’
Os pais de Vitória se dedicam às causas sociais, atualmente. Uma ONG chamada “Instituto Vitória Gabrielly” foi fundada pela família para captar doações de parceiros e o objetivo é ajudar adolescentes com conscientização e um espaço seguro para brincadeiras. Uma pista de patins também está no projeto.
Os pais são separados. Rosana Guimarães, mãe da menina, trabalha na prefeitura de Araçariguama e tem mais dois filhos. O pai trabalha na Secretaria de Esportes da cidade.
“A meta é ter um local com crianças para reforço escolar e todo o apoio. A Vitória gostava de patinar e teremos algo ligado a isso, como aulas”, contou.
No começo do mês, a família se emocionou com a notícia de que uma câmera foi colocada na região do Ginásio dos Campeões, onde a menina desapareceu. Na época, não foram descobertas imagens do momento do desaparecimento, mas a última filmagem havia Vitória brincando perto de casa.