A atriz Eva Wilma morreu na noite de sábado (15) aos 87 anos, em São Paulo, após complicações de um câncer no ovário. A atriz estava internada no hospital Israelita Albert Einstein há um mês. Com mais de seis décadas de atuações na TV, seu último trabalho foi uma apresentação, com transmissão ao ao vivo pelo YouTube e Instagram, em setembro do ano passado: Eva, a Live.
No espetáculo, ela disse que essa era uma forma de se adaptar temporariamente. “Venho de outro tipo de relação com o público. Era uma relação menos efêmera e imediata”, comentou.
A trajetória de Eva Wilma se confunde com a própria história do teatro, da TV e do cinema nacional. Ela interpretou personagens que entraram para o imaginário popular brasileiro. Sua última novela foi no papel da cientista Petra, de O Tempo Não Para (2018).
A atriz estava quarentenada até ser internada em 15 de abril inicialmente para tratar problemas cardíacos e renais, porém, o quadrou levou a uma insuficiência respiratória.
Carreira com sucessos na TV
Ela foi protagonista de diversas novelas e programas da TV Tupi até que nos anos 1980 foi contratada pela Globo, tornando-se uma das principais artistas da emissora à época.
A intérprete fez personagens que oscilavam entre mocinhas e vilãs. Entre as mais marcantes estão Márcia de Elas por Elas (1982), Altiva de A Indomada (1997), Lucrécia de Começar de Novo (2004), e a alcoólatra Fábia de Verdades Secretas (2015).
Um dos marcos de sua carreira foi o papel da médica Marta na série Mulher (1998). O programa utilizava o ambiente de uma clínica especializada no atendimento a mulheres para narrar aventuras e desventuras do universo feminino.
Com autoria de Álvaro Ramos, Euclydes Marinho e Doc Comparato, e direção de Daniel Filho, José Alvarenga Júnior, Mário Márcio Bandarra, José Carlos Pieri e Cininha de Paula, Mulher teve reapresentação em março deste ano no canal Viva.
Despedida virtual
Confira o último espetáculo da atriz, Eva, a Live aqui. O vídeo tem restrição de idade e pode ser visto gratuitamente pelo YouTube.
Na apresentação, que ocorreu em setembro de 2020, Eva disse que achava que perfomances virtuais que cresceram com a pandemia de Covid-19 era algo transitório.
“É uma forma de nos adaptarmos temporariamente e nos mantermos próximos, ativos. Mas eu não gosto muito. Acredito que as lives vão evoluir para uma linguagem própria. Mas uma peça de teatro encenada dessa forma, sem uma adaptação de roteiro e conceito, é só um ‘quebra galho’. Fica muito longe do impacto que um ator, no espaço cênico livre do teatro, pode causar.”
A artista, que também foi bailarina e cantora, passava a quarentena em sua casa. “Já vivi tantos momentos de incertezas, mas nunca igual a esse, que atingiu o mundo inteiro. Parece que estamos atravessando a Terceira Guerra Mundial. Mas acredito que a humanidade vai saber se adaptar, como sempre. Daí lembro da canção do Gil, que cantávamos para encerrar nosso espetáculo: ‘Não me iludo, tudo permanecerá do jeito que tem sido, transcorrendo, transformando, tempo e espaço navegando todos os sentidos'”, declarou Eva.
Então com 86 anos (completou 87 em dezembro passado), a artista nunca quis se aposentar e revelou que tinha muitos sonhos. “Sonhar é necessário. Quem deixa de sonhar se entrega. Noel Rosa dizia que: ‘Adeus é pra quem deixa a vida’. Meu filho tem uma canção que parodia essa frase e que termina dizendo: ‘Adeus é pra quem deixa de sonhar’. Então, sonhar é estar vivo, e sonhar, na minha idade, é o que mais me dá esperanças.”
Diversos famosos estão homenageando a veterana pelas redes sociais, como os atores Marcelo Médici, Beth Goulart, Patricia Pillar e Carolina Dieckmann; e os autores Walcyr Carrasco e Gloria Peres, entre outros artistas.